Do latim parochia, a paróquia é a mais pequena subdivisão territorial de uma dioces HBe. Em Portugal, as freguesias civis, regra geral, tiveram origem nas respetivas paróquias, nomeadamente quanto aos seus limites geográficos.
Na legislação portuguesa surge, a partir de 1830, com o decreto n.º 25 de 26 de Novembro de 1830, a figura da “Junta de Paróquia” que perdurará até 1840, data em que estas instituições são esvaziadas de conteúdo e substituídas por outras entidades como as “fábricas das Igrejas”.
É em finais da década de sessenta, mais concretamente através do código administrativo de 1867 e mais tarde no de 1878, que as Juntas de paróquia readquirem um estatuto semelhante ao original e passam a ter competências civis e religiosas.
Este regime vigorará até à publicação da Lei n.º 621, de 1916, data a partir da qual, são instituídas as Juntas de Freguesia.
Águas Belas, terra antiga, cujos pergaminhos remontam ao início da primeira dinastia e aos primórdios da nacionalidade.
A freguesia de Águas Belas localiza-se no concelho de Ferreira do Zêzere, distrito de Santarém. A sua história tem início em fevereiro de 1159 quando D. Afonso Henriques, doou à Ordem do Templo o então denominado Distrito de Castelo de Ceras que compreendia, para além de outros lugares, a área da freguesia de Águas Belas.
Data da “quinzena de Julho” de 1190 a doação da Herdade de Orjais, feita por D. Sancho I, a Pedro Ferreira, o qual, pouco tempo depois, a povoaria.
É esta a mais antiga notícia que conhecemos, em termos administrativos, nos limites deste território e é de salientar que a mesma remonta ao primeiro meio século de vida do Reino de Portugal.
Mas outras datas relevantes mereceram atenção.
Em data incerta de 1206, Pedro Alvo, pretor de Tomar, adquiriu parte da herdade de Águas Belas fundando assim a povoação, com o mesmo nome.
Em 1356 é aqui instituído um morgado na pessoa de Rodrigo Álvares Pereira (irmão consanguíneo de D. Nuno Álvares Pereira e filho de D. Álvaro Gonçalves de Pereira), com todas as suas dependências, senhorio, couto, honra, jurisdição e padroado da Igreja de Nossa Senhora;
A 3 de Março de 1513 é atribuído um Foral Manuelino e a elevação de Águas Belas à categoria de Vila, foral mais tarde considerado nulo;
A 6 de Novembro de 1836 Águas Belas deixa de ser concelho e vê o seu território incorporado no Concelho de Ferreira do Zêzere.
A freguesia de Águas Belas não passa apenas pelas datas, passa por toda uma história de que nos orgulhamos, história que se reflete no património edificado desta freguesia de que são exemplos o Pelourinho, a Igreja Matriz, as Capelas ou as quintas e solares aqui existentes, história que nos remete para uma antiga Mata Real cujos limites se situavam no lugar que hoje conhecemos por Mata, história que nos remete para o empreendedorismo dos comerciantes que, no passado como hoje, operavam na Venda da Serra, dos canastreiros que aqui produziam produtos que eram distribuídos por todo o país e, mais recentemente, uma história que se complementa com as indústrias cerâmicas, da madeira e do sector agro-alimentar.
Presentemente a freguesia de Águas Belas é a mais industrializada do concelho de Ferreira do Zêzere, estando aí sediadas várias empresas e indústrias dos mais variados ramos.
Ficaria incompleta esta descrição se não falássemos dos Águabelenses ilustres, e dos seus feitos. De Duarte Sodré Pereira que no século XVIII exportava para locais como o Rio de Janeiro ou Nova York. de António Rodrigues e da Aninhas que aqui dinamizaram uma Estalagem, berço do turismo cultural português, pela qual até o próprio Rei Dom Carlos passou ou, mais recentemente, do escritor Sá Flores que leva dezenas de obras publicadas.
É esta a freguesia de Águas Belas, com as suas famílias, o seu património, as suas gentes, a sua religiosidade, os seus vultos ilustres e menos ilustres, o seu comércio e indústria, é esta a sua história!